PESCA

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PESCAdo lagunar

“As lagunas costeiras são ecossistemas de alta produtividade biológica e de grande interesse para a sociedade…”

Nos sistemas lagunares, a pesca desempenha um papel crucial na geração de emprego, renda e segurança alimentar para os pescadores e suas famílias. Essa atividade, além de proporcionar ocupação direta e indireta para pescadores, também sustenta uma cadeia produtiva, abrangendo etapas importantes como processamento, distribuição e comercialização de pescado. A comercialização dos produtos da pesca contribui significativamente para a renda local, enquanto a oferta constante de pescado representa uma fonte confiável de proteína, fortalecendo a economia nas localidades atendidas pelo projeto. Além disso, a pesca artesanal mantém práticas culturais de caráter sustentável, promovendo a gestão responsável dos recursos pesqueiros e a conservação do ecossistema lagunar, o que, por sua vez, é essencial para manter a viabilidade econômica da pesca a longo prazo.

A lista das espécies que ocorrem nos ambientes lagunares inclui aproximadamente 88 espécies de peixes e 12 de crustáceos (siris e camarões). Porém, nem todas são recursos pesqueiros explotados pela pesca artesanal nas lagoas. As espécies aqui relacionadas são algumas das mais representativas na produção pesqueira lagunar do leste fluminense. Todas estas espécies apresentam padrões de ciclo de vida distintos que determinam as flutuações populacionais e a disponibilidade das mesmas para a pesca. Neste sentido, o conhecimento sobre os parâmetros de história de vida, como alimentação, reprodução e crescimento fornecem explicações para eventuais sazonalidades.

Diversidade de peixes e crustáceos de importância econômica

1. PERUMBEBA OU PIRAÚNA

A perumbeba, Pogonias courbina (Lacepède, 1803), é uma espécie de peixe pertencente à família Sciaenidae, encontrada no Atlântico Ocidental, desde a Nova Escócia (Canadá) até a Argentina. Possui hábito estuarino-oportunista, sendo encontrada com frequência em baias e lagoas costeiras. Seu crescimento é lento, podendo atingir mais de um metro de comprimento e viver até incríveis 43 anos. É classificada como uma espécie em perigo (EM) pelo ICMBio e pouco preocupante (LC) pela IUCN. Na região leste fluminense, é comum em todos os sistemas lagunares, com maior frequência nas lagoas costeiras permanentemente conectadas ao mar, como as lagoas de Saquarema e Araruama. É um recurso pesqueiro importante, sendo capturado principalmente com redes de emalhar ao longo de todo o ano, com maiores capturas entre o verão e a primavera. As séries históricas de captura na Lagoa de Araruama indicam variações significativas de ano para ano.

2. ROBALOS

Os robalos são espécies de elevado valor comercial frequentemente capturadas em pescarias nos ambientes lagunares. Pertencem à família Centropomidae e são considerados peixes anfídromos, ou seja, capazes de habitar ambientes de água doce, salobra e marinha ao longo da vida, para alimentação e reprodução. São predadores carnívoros e exibem uma biologia reprodutiva especial como espécies hermafroditas protândricas, o que quer dizer que começam a vida como machos e transformando-se em fêmeas mais tarde. Duas espécies, o robalo-flecha [Centropomus undecimalis (Bloch, 1792)] e o robalo-peva [Centropomus parallelus Poey, 1860], tem ampla distribuição geográfica e estão presentes em todas as lagoas do leste fluminense. O robalo-flecha pode atingir tamanho acima de um metro de comprimento e mais de 30 anos de idade. O status de conservação das espécies, tanto para o ICMBio quanto para a IUCN é pouco preocupante (LC). Ambas espécies são de grande importância para a pesca lagunar comercial. Devido o valor de mercado bastante superior às demais espécies capturadas, representam uma boa alternativa de renda aos pescadores. A captura ocorre principalmente com redes de emalhar.

Centropomus undecimalis (Bloch, 1792)

Status de conservação

– ICMBio: pouco preocupante (LC)

– IUCN: pouco preocupante (LC)

Espécie com ampla distribuição geográfica, ocorrendo nas zonas costeiras do Atlântico Ocidental. Pode atingir o tamanho acima de um metro de comprimento e mais de 30 anos de idade. Ocorrem em todas as lagoas do leste fluminense.

Centropomus parallelus Poey, 1860

Status de conservação

– ICMBio: pouco preocupante (LC)

– IUCN: pouco preocupante (LC)

Esta espécie ocorre nas zonas costeiras do Atlântico Ocidental, desde a Flórida, Golfo do México até Florianópolis em Santa Catarina, Brasil. Assim como o robalo-flecha, habita águas costeiras salobras ou mesmo em água doce. Ocasionalmente encontrada em lagoas hipersalinas.

Tanto o robalo-flecha (C. undecimalis) quanto o robalo-peva (C. parallelus) são espécies de grande importância para a pesca lagunar comercial. Possuem valor de mercado superior as demais espécies capturadas nestes ambientes e representam uma boa alternativa de renda para os pescadores. São especialmente importantes nas pescarias desenvolvidas nos sistemas lagunares do Leste fluminense onde são capturados principalmente com redes de emalhar.

3. CARAPEBA

A carapeba, Eugerres brasilianus (Cuvier, 1830), é o maior representante da família Gerreidae em termos de tamanho, podendo atingir até 50 cm de comprimento e nove anos de idade. Sua distribuição abrange do sul dos Estados Unidos ao sul do Brasil, sendo um visitante marinho-oportunista nos ambientes lagunares. Trata-se de um recurso muito abundante e importante em lagoas costeiras, sendo alvo da pesca artesanal. Encontra-se em todos os sistemas lagunares, sendo menos abundante na lagoa de Maricá. Na lagoa de Araruama, destaca-se comercialmente, contribuindo com mais de 30% da produção anual e alcançando os maiores tamanhos. A captura ocorre principalmente por meio de pescarias de cerco e redes de emalhar (mijuada). Apresenta também alguma representatividade nas pescarias da lagoa de Saquarema, contribuindo com cerca de 10% da produção total.

4. TILÁPIA

A tilápia, Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758), é originária da África e pertence à família Cichlidae. Foi introduzida em vários países para aquicultura ou para aumentar a produtividade pesqueira em ambientes naturais. Chegou ao Brasil na década de 1970 e é considerada uma espécie importante para a produção de pescado no século XXI. Trata-se de um peixe de água doce capaz de sobreviver em um amplo gradiente de salinidade. Tem hábito alimentar bastante diversificado, um longo período reprodutivo e maturidade sexual precoce, com as fêmeas incubando seus ovos na boca para proteção da prole. Pode atingir até 60 cm de comprimento e viver até nove anos. É encontrada em praticamente todos os sistemas lagunares do leste fluminense em ambientes de menor salinidade. Quanto ao status de conservação, consta como não avaliada pelo CMBio e pouco preocupante (LC) pela IUCN. É um recurso importante na pesca, com exceção da lagoa de Araruama onde não se tem registro de captura pela pesca artesanal. Na lagoa de Maricá a espécie contribui com mais de 90% da produção total monitorada. Sua captura é realizada principalmente com redes de emalhe e tarrafa.

 

5. SIRI-AZUL OU SIRI-AÇÚ

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Os siris do gênero Callinectes pertencem a família Portunidae e possuem ampla distribuição geográfica, sendo comuns na zona costeira, estuários, lagoas e baías. Siris representam recursos pesqueiros importantes para diversas regiões, sendo explorados em estuários e baías de toda costa leste do continente americano, especialmente na América do Norte, ou como subproduto da pesca de outros peixes e crustáceos, principalmente do camarão. Duas espécies conhecidas como siri-azul ou siri-açu, são mais representativas nas lagoas: Callinectes sapidus (Rathbun, 1896) e Callinectes danae (Smith, 1869). Ambas espécies são consideradas pouco preocupantes (LC) ou não avaliadas pelo ICMBio e IUCN, respectivamente. Ocorrem em todos os sistemas lagunares do Leste Fluminense, em águas de baixa salinidade e substrato lamoso de estuários e lagoas costeiras. Adultos são encontrados em mar aberto onde ocorre a desova. Os siris são frequentemente capturados como fauna acompanhante em pescarias com rede de espera em todos esses sistemas, mas possuem nas lagoas de Maricá (Guarapina) e principalmente em Saquarema (Mombaça) pescarias destinadas a sua captura através do emprego de puçás, com rendimentos que chegam até 50kg por pescaria.

6. CAMARÕES

Os camarões da família Penaiedae são comuns no litoral brasileiro, sendo alvos da pesca industrial e artesanal em diversas áreas. Os adultos residem no mar aberto, onde ocorre a reprodução e o desenvolvimento das primeiras fases larvais. As larvas migram para áreas costeiras impulsionadas por correntes marinhas, encontrando nos estuários, baías e lagoas ambientes adequados para seu crescimento. Ao atingirem a fase adulta, retornam ao mar para reprodução, completando seu ciclo de vida. Duas espécies de camarão rosa [Farfantepenaeus paulensis (Pérez Farfante, 1967); Farfantepenaeus brasiliensis (Latreille, 1817)] estão amplamente distribuídas em toda a costa brasileira até Mar del Plata (Argentina). Ambas apresentam status de conservação como dados insuficientes (DD) pelo ICMBio, e não avaliadas pela IUCN. Os juvenis são muito abundantes nos ambientes lagunares, principalmente nas lagoas de Saquarema e Araruama, sendo capturados pela pesca artesanal. O camarão-rosa ou ferrinho tem grande valor econômico, variando entre R$20,00/kg para tamanhos médios a R$45,00 para os maiores (VG). A pesca do camarão-rosa é a principal fonte de renda para os pescadores da Área 2 da Lagoa de Araruama como na Praia da Siqueira. Na lagoa de Saquarema, ocorre em menor proporção, capturado principalmente na pescaria de “estacada”. Também, na Lagoa de Maricá, a produção do camarão-rosa é menor.

Farfantepenaeus paulensis (Pérez Farfante, 1967)

Farfantepenaeus brasiliensis (Latreille, 1817)

Status de Conservação

– ICMBio: Dados Insuficientes (DD)

– IUCN: Não avaliado

As duas espécies são muito similares entre si e estão distribuídas da Bahia (Brasil) até Mar del Plata (Argentina). Até a década de 1990, ambas foram intensamente pescadas, levando a um colapso. Os juvenis continuam a ser abundantes nos ambientes lagunares ao longo da costa Sul/Sudeste do Brasil, sendo capturados por pescarias artesanais, principalmente nas lagoas de Saquarema e Araruama. O camarão-rosa ou ferrinho é economicamente crucial para as comunidades pesqueiras tradicionais. Seu valor de mercado varia com o tamanho, de R$20,00/kg para médios a R$45,00 para os maiores (VG). A pesca do camarão-rosa é a principal fonte de renda para os pescadores da Área 2 da Lagoa de Araruama como na Praia da Siqueira. Na lagoa de Saquarema, ocorre em menor proporção, capturado principalmente na pescaria de “estacada”. Também, na Lagoa de Maricá, a produção do camarão-rosa é menor.

É um também um crustáceo da família Penaeidae [Litopenaeus schmitti (Burkenroad, 1936)] característico do Atlântico Ocidental, com distribuição desde a região caribenha até Laguna em Santa Catarina. Nas lagoas costeiras do leste fluminense, a espécie está presente em todos os sistemas. Tanto para o ICMBio quanto para a IUCN a espécie não foi avaliada quanto ao status de conservação. É um recurso valioso, capturado por diversas artes de pesca, incluindo arrasto de calão, tarrafa e estacada. É a espécie principal da pesca de camarão na lagoa de Saquarema. Tanto em Saquarema quanto em Maricá, alguns pescadores se dedicam principalmente à captura deste recurso durante a sua safra, que pode atingir o valor comercial de R$65,00/kg em Maricá, dependendo do tamanho. Também em Maricá, o camarão branco representa 80% da produção total de camarão. Na lagoa de Saquarema, o camarão-branco é capturado com rede de lance e tarrafa, alcançando uma produção média superior a 15,0 kg por pescaria edição.

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